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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Fanatismo (Poema: Florbela Espanca)

“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!…”




Engraçado... Me lembro de ter crescido ouvindo esta música. Minha Mãe tinha o "disco" (mais "retrô" impossível...Rsrs). E, desde a primeira vez que a ouvi, me encantei, a princípio, é claro que não foi a letra o que me atraiu, mas com o passar dos anos, passei a escutá-la mais atentamente, e me apaixonei pelos versos de Fanatismo.
Sempre pensei... "Meu Deus, que Amor é este? Será que é possível uma pessoa sentir isso por outra? Se eu ouvisse estes versos de alguém, não sei o que eu faria... Devaneios da minha mente fértil... Rsrs
O tempo passou, e minha paixão pelos versos também... Descobri que quem escreveu esta preciosidade foi uma poetisa portuguesa, nascida em Vila Viçosa, chamada Florbela Espanca (1.894 - 1.930). 
Fui em busca de mais informações a respeito (mas, serei muito breve e resumida)... Descobri que Florbela Espanca, foi uma mulher que viveu muito à frente do seu tempo, chocou a sociedade portuguesa com algumas de suas atitudes, e uma das características marcantes eram os exageros emotivos contidos em seus textos... Não precisa nem dizer não é mesmo?!? Rsrs
Pelo que vi, ainda resta muito para conhecer da obra dela, que certamente sofreu muito, por ser poetisa, por  amar demais, por querer viver intensamente seus sentimentos, por ser incompreendida e julgada pela sociedade, por ser Mulher... Mas, que apesar disso, conseguiu traduzir seus sentimentos (e os nossos!!!) em palavras lindíssimas, que nos emocionam e os fazem pensar!!!
Já sou fã!!! Ou melhor, sempre fui mesmo sem saber... Rsrs




   
Fanatismo

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida…
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
“Tudo no mundo é frágil, tudo passa…”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!…”

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