ESQUECIMENTO
Esse de quem eu era e que era meu,
Que foi um sonho e foi realidade
Que me vestiu a alma de saudade,
Para sempre de mim desapar’ceu.
Tudo em redor então escureceu,
E foi longínqua toda a claridade!
Ceguei,... tacteio sombras... Que ansiedade!
Apalpo cinzas porque tudo ardeu!
Descem em mim poentes de Novembro.
A sombra dos meus olhos, a escurecer...
Veste de roxo e negro os crisântemos...
E desse que era meu já me não lembro...
Ah, a doce agonia de esquecer
A lembrar doidamente o que esquecemos!
Florbela Espanca
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