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sábado, 3 de dezembro de 2011

Esquecimento (Florbela Espanca)




ESQUECIMENTO  
  
Esse de quem eu era e que era meu,  
Que foi um sonho e foi realidade  
Que me vestiu a alma de saudade,  
Para sempre de mim desapar’ceu.  
  
Tudo em redor então escureceu,  
E foi longínqua toda a claridade!  
Ceguei,... tacteio sombras... Que ansiedade!  
Apalpo cinzas porque tudo ardeu!  
  
Descem em mim poentes de Novembro.  
A sombra dos meus olhos, a escurecer...  
Veste de roxo e negro os crisântemos...  
E desse que era meu já me não lembro...  
Ah, a doce agonia de esquecer  
A lembrar doidamente o que esquecemos!  

Florbela Espanca

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